Cresce procura de cursos técnicos por universitários, segundo Senai

O maranhense Lucas Portela Moraes, de 24 anos, é estudante universitário de Engenharia de Controle e Automação. Ainda sem trabalhar, o estudante decidiu que seria importante para o currículo colocar em prática aquilo que vê na teoria dentro da Universidade. Lucas é também aluno do curso técnico de Eletrotécnica, em Monte Castelo (MA), e faz parte dos quase 36 mil matriculados em cursos de educação profissional no estado.

Na região Nordeste, meio milhão de pessoas optaram por cursos nesse setor, segundo dados do último Censo Escolar do Ministério da Educação (MEC). E o número de pessoas procurando cursos técnicos está crescendo, como acredita o instrutor de Automação Industrial no Senai, Francisco Lairton Vasconcelos. “Nós temos uma vantagem grande, porque nosso aluno já sai do curso técnico com estágio na sequência da formação. Ele passa 400 horas/aula na indústria só para fazer essa formação. Em 2017, tivemos 60% dos nossos alunos estagiando”, diz.

A coordenadora de Educação Profissional, Tecnologia e Inovação do Senai, Sheherazade de Araújo Bastos, comenta que a procura de universitários por cursos técnicos tem chamado a atenção. “Eles não encontram dentro da universidade uma prática como se tem em um curso técnico. A busca por esse curso é uma forma de compensar o que a universidade não tem trabalhado de forma tão forte.”

Entre os cursos técnicos mais procurados, segundo a coordenadora, estão Eletromecânica e Eletrotécnica. Este último, a opção de Lucas. “Escolhi esse curso porque já tenho bastante afinidade e ele me proporciona satisfação pessoal, além de aprendizado na área”, explica ele. Até 2020, essa área terá que qualificar 85,4 mil técnicos para atender demandas da indústria, segundo dados do Mapa do Trabalho Industrial 2017-2020.

Indústria
Uma pesquisa feita pela empresa multinacional de seleção e recrutamento ManpowerGroup aponta que falta mão de obra qualificada no Brasil. Em uma lista com 42 países analisados pela empresa, os brasileiros ficaram na 4ª posição como país com maior dificuldade em preencher vagas de trabalho. Outra constatação da pesquisa foi a dificuldade em encontrar profissionais de nível técnico no Brasil.

“O mercado de trabalho se tornou mais exigente com o tempo e está pedindo mais qualificação de profissionais. Isso faz com que a gente busque mais conhecimento voltado para essa área”, aposta Lucas Portela, que pretende seguir a carreira de engenheiro técnico na área industrial, voltado para o setor de energia. A área vai precisar de 230,8 mil profissionais com formação técnica até daqui dois anos.

Aliás, até 2020, o Brasil vai precisar qualificar 13 milhões de pessoas para atender as demandas da indústria. Segundo dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), no Maranhão, entre os principais setores com demandas estão construção (42,8%), serviços industriais de utilidade pública (16,2%) e metalurgia (13,9%).

A indústria também foi responsável por 80,6 mil empregos para os maranhenses em 2016, sendo 11,5% do emprego formal no estado. O salário médio pago pelo setor nesse mesmo ano, segundo a CNI, foi R$ 2.099,1.

Em 2016, a indústria do estado foi responsável por US$ 1,7 milhão em exportações, ficando na 11ª colocação nacional. A metalurgia foi considerada o setor mais importante para o estado em 2016, sendo responsável por 60,37% do total de exportações.

Por Jalila Arabi

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