Agentes da Polícia Federal apreenderam hoje três bolsas avaliadas em R$ 4.800 que teriam sido compradas com o dinheiro público pela prefeitura de Oiapoque (AP), a 590 quilômetros de Macapá. A apreensão faz parte da segunda fase da operação “Panaceia”, que apura desvios de testes rápidos de detecção da covid-19 e verbas durante a pandemia no município.
Na operação, os 15 agentes ainda intimaram a prefeita Maria Orlanda sobre a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF 1) que a afasta do comando da cidade, na fronteira com a Guiana Francesa. A Justiça ainda impôs à prefeita “a proibição de acessar qualquer prédio público e não poder ter contato com outros dois investigados”, que são servidores.
A primeira fase da operação ocorreu em 14 de junho, em Macapá e Oiapoque. Com o desdobramento da apuração, a Polícia Federal descobriu que “a compra de bens de uso particular, ao menos três bolsas femininas, no valor total de R$ 4.800, por meio de transferências da conta bancária da própria prefeitura”. A PF não esclareceu se elas estavam com Maria Orlanda.
Como a investigação e a decisão judicial de afastamento abrange a prefeita e mais servidores, o vice, Erlis Karipuna (PEN) é quem deve assumir o cargo enquanto Maria Orlanda permanece fora. Ele tem 48 anos e será o segundo indígena a comandar Oiapoque.
A reportagem ligou no telefone de Maria Orlanda, mas ele encontrava-se fora de área. A assessoria de comunicação emitiu nota informando que os valores das bolsas citados pela Polícia Federal transferidos pela conta da prefeitura “foram realizados única e exclusivamente para pagarem despesas da administração pública municipal”.
1ª fase da operação apreendeu testes com prefeita
De acordo com a PF, na primeira fase, foram apreendidos diversos testes para detecção da covid-19, máscaras e aventais de uso hospitalar na casa da prefeita.
A investigação ainda descobriu indícios de desvio dos medicamentos utilizados no tratamento da covid-19, o que teria gerado desabastecimento da rede pública. Os remédios e insumos posteriormente eram distribuídos para pessoas sem qualquer critério médico, apontou a PF.
Na ocasião, a prefeitura emitiu nota explicando que as máscaras apreendidas na casa da prefeitura foram adquiridas por Maria Orlanda para doação.
Sobre os testes rápidos achados na residência, os materiais eram da Universidade Federal de Pelotas, que coordena um estudo para medir a prevalência da covid-19 nos municípios brasileiros. Eles estariam na casa porque “foram esquecidos pela equipe da pesquisa no ônibus pertencentes ao município, que deu suporte a equipe”.
Segundo a PF, os testes, de fato, eram da universidade, mas “as investigações apontaram que parte foi desviada pela própria equipe local de pesquisa, em conjunto com servidores públicos do município”.
A prefeitura, em nota enviada ao UOL, avaliou que a “Policia Federal é contraditória” em relação aos testes supostamente desviados e esclarece “que em nenhum momento interferiu na pesquisa realizada pelo Centro de Pesquisa Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas”.