O Antagonista revelou ontem o nome dos proprietários dos dez jatinhos mais caros financiados pelo BNDES a juros subsidiados entre 2009 e 2014. Técnicos do banco calculam em R$ 700 milhões o prejuízo com a política de subvenção adotada por Lula e Dilma.
Na lista de 134 agraciados, há famosos como o apresentador Luciano Huck, a cantora Claudia Leitte e a dupla sertaneja Victor & Leo.
A aquisição de uma aeronave por Huck veio a público no ano passado, quando ele despontava como possível candidato à Presidência.
O jatinho foi comprado em 2013, em nome da empresa Brisair Serviços Técnicos Aeronáuticos pelo valor de R$ 17,7 milhões, via Itaú/Unibanco, com juros a 3% ao ano.
A modalidade de empréstimo do BNDES por meio de bancos privados tem como objetivo reduzir o risco da operação.
O Itaú/Unibanco também foi o agente do empréstimo de R$ 6,1 milhões para o jatinho da cantora baiana. O recurso foi liberado, em 2009, em nome da Bahia Golf Agência de Viagem, registrada em nome do seu pai, Claudio Oliveira Inácio. Juros de 4,5% ao ano.
No caso da dupla sertaneja, o BNDES liberou por meio do Banco do Brasil uma linha de R$ 6,4 milhões para a compra de um jato executivo da Embraer. O dinheiro saiu também em 2009 com a mesma taxa de juros de 4,5%, em nome da empresa Vida Boa Shows e Eventos, de Vitor e Leonardo Chaves.
CAIXA PRETA
O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, está cumprindo a promessa de abrir a caixa-preta das gestões petistas. O primeiro ato foi a divulgação da lista de 134 empresários que compraram jatinhos a juros subsidiados pelo contribuinte.
O Antagonista obteve em primeira mão a relação de beneficiários, entre eles artistas, banqueiros e empresários – vários deles enrolados na Lava Jato ou em outras investigações.
Ao todo, o BNDES emprestou via bancos privados um total superior a R$ 1,9 bilhão para a compra de jatinhos da Embraer. A área técnica do banco calculou em R$ 700 milhões – em valores corrigidos – os subsídios para essas operações.
Entre os proprietários dos dez jatinhos mais caros financiados pelo banco público, estão o governador de São Paulo, João Doria (R$ 44 milhões), e os irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS (R$ 39,8 milhões).
No topo da lista está o empresário Michael Klein (Casas Bahia), que pagou R$ 77,8 milhões por um jato executivo da Embraer – o modelo não é informado. O financiamento foi feito em 2013 por meio do banco ABC para a CB Air (hoje Icon Aviation).
A família Moreira Salles (Itaú-Unibanco) também usufruiu da linha de financiamento do BNDES, pagando apenas 4,5% ao ano de juros sobre empréstimo de R$ 75,5 milhões para adquirir uma aeronave em nome da Brasil Warrant Administradora de Bens.
Confira a relação dos proprietários das dez aeronaves mais caras bancadas pelo BNDES:
JBS S/A – R$ 39,78 milhões (2009)
Doria Administração de Bens Ltda – R$ 44,03 milhões (2010)
Neo Táxi Aéreo – R$ 44,97 milhões (2011)
Construtora Estrutural – R$ 64,01 milhões (2012)
Brasil Warrant Adm de Bens – R$ 75,46 milhões (2013)
Lojas Riachuelo – R$ 55,52 milhões (2013)
Sumatera Participações – R$ 65,96 milhões (2013)
Industrial e Comercial Brasileira – R$ 59,11 milhões (2013)
CB Air Taxi Aéreo – R$ 77,78 milhões (2013)
Eurofarma Laboratórios – R$ 43,99 milhões (2014)
MOMENTO ANTAGONISTA: MEU JATINHO, MINHA VIDA
Confira a íntegra da live de Claudio Dantas sobre a caixa-preta dos jatinhos do BNDES:
BNDES divulga financiamento de Huck para compra de avião (ESTADÃO)
RIO – Com a alegação de que pretende ser mais transparente, o BNDES divulgou na noite desta segunda-feira, 19, uma lista de 134 empresas que contrataram financiamento do banco no período de 2009 a 2014 para a compra de jatos da Embraer. Entre essas empresas, está a Brisair, do empresário e apresentadore TV Luciano Huck, que obteve empréstimo de R$ 17 milhões em 2010.
A divulgação da lista cumpre promessa feita pelo presidente Jair Bolsonaro na quinta-feira, em transmissão ao vivo em rede social. Ele disse que revelaria quem comprou jatinhos com recursos do banco, ao “abrir a caixa-preta” da instituição.
Bolsonaro não citou nomes, mas suas declarações foram interpretadas como uma referência à fala de Huck. “O anúncio vai expor gente que está dizendo que estamos no último capítulo do fracasso”, declarou.
O BNDES destacou que a linha de crédito foi criada em 2009, como parte do Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Nessa linha eram cobrados juros inferiores à Selic.
Em fevereiro do ano passado, quando Huck era cotado como presidenciável, o jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem sobre a operação. À época, Huck disse que “o Finame é um programa do BNDES de incentivo à indústria nacional, por isso financia os aviões da Embraer”.
Além dele, aparecem na lista empresas ligadas ao governador João Doria (que, via Doria Administração de Bens, financiou R$ 44 milhões em 2010); à JBS (R$ 39,7 milhões); a Michael Klein (R$ 77 milhões); e à família Moreira Salles (R$ 75,5 milhões), entre outros.
O governo de São Paulo informou em nota que não há irregularidade no financiamento. “A Embraer vendeu dezenas de jatos executivos e comerciais para empresas brasileiras e estrangeiras com financiamento do BNDES, gerando empregos e impostos para o Brasil. Nada errado nisto”, diz o comunicado.
A JBS afirmou que “o financiamento atendeu normas legais e seguiu os parâmetros estabelecidos pela linha BNDES Finame”. A assessoria de Michael Klein disse que “o empresário adquiriu a aeronave pela CB Air em meados de 2015, quando assumiu a dívida do comprador junto ao BNDES”.
Procurados pela reportagem, Huck e a família Moreira Salles não responderam.
Exclusivo: A lista completa dos donos de jatinhos subsidiados pelo BNDES (em O Antagonista)
Como O Antagonista revelou (acima), a lista de beneficiários de empréstimos do BNDES para a compra de jatinhos da Embraer engloba banqueiros, empresários, advogados e artistas.
Entre 2009 e 2014, o banco liberou R$ 1,9 bilhão para 134 operações de crédito a juros subsidiados, que variaram de 2,5% a 8,7% ao ano.
A área técnica do BNDES calcula em R$ 700 milhões o prejuízo com o programa. Além dos nomes que já divulgamos, destaque para Rubens Menin, da MRV Engenharia, e Flávio Rocha, da Riachuelo.
Menin, que se prepara para lançar a CNN Brasil, é conhecido apoiador do PR. Rocha, por outro lado, defendeu a candidatura de Jair Bolsonaro.
Também está na relação do BNDES o empresário Mario Celso Lopes, ex-sócio dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que também se aproveitaram da política adotada pelos governos Lula e Dilma.
MCL, como é conhecido, foi alvo da Operação Greenfield, que investiga o financiamento do BNDES à Eldorado Celulose. Entre 2010 e 2012, ele adquiriu duas aeronaves da Embraer a juros subsidiados.
Outro beneficiário foi o empresário Artur Figueiredo, diretor de fundos da corretora Planner, também investigada na Greenfield.
Aproveitaram o programa do BNDES o advogado Pedro H. Xavier, que defendeu o ex-diretor da Galvão Engenharia Erton Medeiros, e o doleiro Carlos Habib Chater, parceiro de Alberto Youssef e dono do Posto da Torre, marco zero da Lava Jato.
O BNDES financiou ainda os jatinhos de Wilson Quintella, da Estre Ambiental, outro preso na Lava Jato, e de Valdir Piran, da Piran Participações, detido na Operação Ararath, que revelou esquema de mensalinho na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
Na longa lista de empréstimos para a compra de aeronaves consta também a Confederal Vigilância, do ex-senador Eunício Oliveira.
Confira a relação completa: (parte 1, parte 2 e parte 3).