Briga entre facções rivais deixa mortos no maior presídio do RN

Pelo14jan2016---imagem-para-usar-na-home---presos-se-rebelaram-na-tarde-deste-sabado-14-na-penitenciaria-de-alcacuz-maior-presidio-do-rn-1484430576019_615x300 menos dez presos foram assassinados durante uma briga entre facções criminosas na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, localizada em Nísia Floresta (região metropolitana de Natal – RN), que começou na tarde deste sábado (14). A informação foi confirmada pelo governo do Estado por volta das 23h40 (0h40 no horário de Brasília). Não há registro de fugas ou reféns.

No início da noite, a Coape (Coordenação de Administração Penitenciária) havia confirmado a decapitação de três presos a partir de imagens divulgadas pela polícia em que podem ser vistas três cabeças que foram jogadas na área externa da unidade prisional. Os presos mortos ainda não foram identificados.

Segundo o governo do RN, a rebelião teve início por volta das 17h (18h no horário de Brasília), quando presos do pavilhão 5, chamado de Presídio Rogério Madruga Coutinho, invadiram o pavilhão 4 para matar rivais. O Bope (Batalhão de Operações Especiais) está no local tentando controlar a situação. A rebelião não atingiu os pavilhões 1, 2 e 3.

“Deu para ver que eles [os presos] jogaram três cabeças para fora dos pavilhões, mas a polícia ainda não conseguiu entrar na unidade prisional”, disse o coordenador de administração penitenciária do Rio Grande do Norte, Zemilton Silva.

Por volta das 6h –7h em Brasília–, a PM (Polícia Militar) entrou no complexo penitenciário. Familiares de detentos aguardam notícias do lado de fora. Evitou-se entrar no presídio durante a madrugada. O Gabinete de Gestão Integrada, que reúne o governador do Estado e autoridades policiais, avalia que a falta de visibilidade durante a noite poderia por em risco a operação, apesar do presídio estar todo cercado de policiais para evitar fugas. Silva informou ainda que a área externa de Alcaçuz está controlada por policiais militares e agentes penitenciários.

“Há muito barulho de gritos de brigas lá dentro e não se sabe a situação dos presos, se tem mais de três mortos ou feridos. Por enquanto, o Corpo de Bombeiros está aqui com ambulâncias para fazer o socorro, mas como ninguém consegue entrar não tem como saber se há mais mortos ou feridos”, destacou. “O governador Robinson Faria entrou em contato com ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para que o Governo Federal acompanhe a situação do Estado, e pediu reforço da Força Nacional no lado externo do presídio, o que foi autorizado prontamente”, informa em nota o governo do RN.

Superlotação

Maior presídio do Estado, Alcaçuz está superlotado. Com capacidade para 620 internos, conta atualmente com cerca de 1.200 presos. A penitenciária custodia presos das facções criminosas Sindicato do Crime do RN e PCC (Primeiro Comando da Capital).

A presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do RN, Vilma Batista, disse que os presos são separados por facção criminosa em Alcaçuz e os integrantes do Sindicato do Crime do RN estão custodiados nos pavilhões 1, 2, 3 e 4. O pavilhão 5 é destinado aos integrantes do PCC.

“Não há nenhum agente penitenciário refém. Quem trabalha no pavilhão 5 conseguiu sair a tempo. O clima ainda é muito tenso porque a rebelião não foi controlada, os policiais e agentes estão entorno do muro para garantir que não haverá nenhuma fuga”, destacou Batista.
A Sejuc informou que até às 22h (23h no horário de Brasília) a rebelião não havia sido controlada. O secretário de Justiça e Cidadania do Estado, Wallber Virgolino, está na unidade prisional acompanhando a ação do GOE (Grupo de Operações Especiais), do GEP (Grupo de Escolta Penal) e Polícia Militar para evitar fugas.
O Sindicato dos Policiais Civis do RN pediu para que os policiais fiquem em alerta para trabalhar contra uma suposta onda de ataques em Natal ordenada por presos. “Existem informações vindas de presídios dando conta de um salve geral dos presos no Rio Grande do Norte e em outros Estados. Inclusive, a penitenciária de Alcaçuz já está com os presos rebelados e outras unidades estão em tensão. Pedimos que os colegas fiquem com atenção redobrada, estando de serviço ou de folga”, destacou o presidente do Sinpol, Paulo César de Macedo.
Apesar do alerta, o governo do RN informou não haver registro de nenhuma ação externa aos presídios. Na madrugada deste domingo (15), o secretário de Justiça e Cidadania do RN, Wallber Virgolino, informou que toda equipe está de prontidão no presídio para evitar fugas.
“Estamos gerenciando na melhor forma possível para acabar com essa rebelião, existem operações neste exato momento em Alcaçuz para conter a situação. Peço a população que evite divulgação de boatos nas redes sociais porque isso não ajuda em nada a polícia e nem o sistema penitenciário”, disse Virgolino.
O secretário de Segurança Pública, Caio César Bezerra, também fez um vídeo para tranquilizar a população e reafirmar que o problema estaria restrito a Alcaçuz. “Não houve fuga e a população pode ficar tranquila e realizar suas atividades normais, pois os presos estão incomunicáveis. e a briga é restrita aos pavilhões”, destacou Bezerra.

Crise

O sistema penitenciário do Rio Grande do Norte enfrenta uma crise na segurança desde o ano passado. O domínio de facções criminosas que agem dentro e fora das unidades prisionais do RN se intensificou desde o mês de março de 2015, quando os presos organizaram uma onda de rebeliões, depredaram as celas e ficaram soltos, todos misturados, nos pavilhões dos presídios do Estado.

Os 16 presídios que foram depredados continuam em obras inacabáveis por conta da constante depredação dos presos. O Estado já gastou R$ 7,3 milhões dos R$ 15 milhões orçados para recuperação das unidades prisionais. As reformas deveriam ser concluídas até outubro do ano passado.

Em agosto do ano passado, presos do PEP (Presídio Estadual de Parnamirim) se rebelaram e organizaram uma série de ataques criminosos em Natal e cidades do interior do Estado depois que tiveram o sinal de telefone celular bloqueado. As lideranças dos ataques são facção criminosa Sindicato do Crime do RN. A série de ataques incendiou 32 ônibus em todo o Estado.

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