Pelo menos dez presos foram assassinados durante uma briga entre facções criminosas na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, localizada em Nísia Floresta (região metropolitana de Natal – RN), que começou na tarde deste sábado (14). A informação foi confirmada pelo governo do Estado por volta das 23h40 (0h40 no horário de Brasília). Não há registro de fugas ou reféns.
No início da noite, a Coape (Coordenação de Administração Penitenciária) havia confirmado a decapitação de três presos a partir de imagens divulgadas pela polícia em que podem ser vistas três cabeças que foram jogadas na área externa da unidade prisional. Os presos mortos ainda não foram identificados.
“Deu para ver que eles [os presos] jogaram três cabeças para fora dos pavilhões, mas a polícia ainda não conseguiu entrar na unidade prisional”, disse o coordenador de administração penitenciária do Rio Grande do Norte, Zemilton Silva.
Por volta das 6h –7h em Brasília–, a PM (Polícia Militar) entrou no complexo penitenciário. Familiares de detentos aguardam notícias do lado de fora. Evitou-se entrar no presídio durante a madrugada. O Gabinete de Gestão Integrada, que reúne o governador do Estado e autoridades policiais, avalia que a falta de visibilidade durante a noite poderia por em risco a operação, apesar do presídio estar todo cercado de policiais para evitar fugas. Silva informou ainda que a área externa de Alcaçuz está controlada por policiais militares e agentes penitenciários.
“Há muito barulho de gritos de brigas lá dentro e não se sabe a situação dos presos, se tem mais de três mortos ou feridos. Por enquanto, o Corpo de Bombeiros está aqui com ambulâncias para fazer o socorro, mas como ninguém consegue entrar não tem como saber se há mais mortos ou feridos”, destacou. “O governador Robinson Faria entrou em contato com ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para que o Governo Federal acompanhe a situação do Estado, e pediu reforço da Força Nacional no lado externo do presídio, o que foi autorizado prontamente”, informa em nota o governo do RN.
Superlotação
Maior presídio do Estado, Alcaçuz está superlotado. Com capacidade para 620 internos, conta atualmente com cerca de 1.200 presos. A penitenciária custodia presos das facções criminosas Sindicato do Crime do RN e PCC (Primeiro Comando da Capital).
A presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do RN, Vilma Batista, disse que os presos são separados por facção criminosa em Alcaçuz e os integrantes do Sindicato do Crime do RN estão custodiados nos pavilhões 1, 2, 3 e 4. O pavilhão 5 é destinado aos integrantes do PCC.
Crise
O sistema penitenciário do Rio Grande do Norte enfrenta uma crise na segurança desde o ano passado. O domínio de facções criminosas que agem dentro e fora das unidades prisionais do RN se intensificou desde o mês de março de 2015, quando os presos organizaram uma onda de rebeliões, depredaram as celas e ficaram soltos, todos misturados, nos pavilhões dos presídios do Estado.
Os 16 presídios que foram depredados continuam em obras inacabáveis por conta da constante depredação dos presos. O Estado já gastou R$ 7,3 milhões dos R$ 15 milhões orçados para recuperação das unidades prisionais. As reformas deveriam ser concluídas até outubro do ano passado.
Em agosto do ano passado, presos do PEP (Presídio Estadual de Parnamirim) se rebelaram e organizaram uma série de ataques criminosos em Natal e cidades do interior do Estado depois que tiveram o sinal de telefone celular bloqueado. As lideranças dos ataques são facção criminosa Sindicato do Crime do RN. A série de ataques incendiou 32 ônibus em todo o Estado.