Crescimento de casos da Covid-19 no DF está abaixo do previsto

Os gestores da saúde do Distrito Federal acalmaram a população quanto ao crescimento de casos de coronavírus no território. Em coletiva nesta segunda-feira (6), o secretário de Saúde, Francisco Araújo, afirmou que a pasta está trabalhando para manter a curva abaixo das projeções iniciais, tanto com a educação da população nas medidas de prevenção quanto na adequação da rede para o atendimento dos casos da Covid-19.

Também em coletiva, na última semana, o Ministério da Saúde fez um alerta sobre o risco maior de crescimento descontrolado do número de doentes pelo novo coronavírus nas próximas semanas, nos estados do Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas e o DF. O anúncio provocou insegurança na população. Logo, Francisco Araújo se preocupou em tranquilizar a todos de que essa informação não procede e que aguarda apoio da pasta nas ações locais.

“O Ministério da Saúde deveria se preocupar em ajudar os estados. Dentre eles, ajudar o Distrito Federal. Tudo o que encaminhamos à pasta não foi atendido. Solicitamos a habilitação de 318 leitos de Unidade de Terapia Intensiva e até agora não foi habilitado nenhum”, reclamou o gestor.

Quando a doença foi detectada no DF, no final de fevereiro, havia uma perspectiva de que nas primeiras semanas de abril poderiam ser confirmados até mil casos de Covid-19. No entanto, o último boletim informa 468 casos confirmados da doença e sete óbitos.

O subsecretário de Vigilância à Saúde, Eduardo Hage, explica que esta previsão estava baseada em parâmetros que foram observados na China, na Itália e outros países que adotaram as medidas de isolamento social posteriormente, diferente do que aconteceu em Brasília.

Hage, que é médico sanitarista, também questiona a informação divulgada pelo ministério. “Primeiro é uma questão de termo. Esse termo não há registro na literatura que o sustente. Segundo, que do ponto de vista da comunicação de risco à população, não traduz a dimensão do que é realizado aqui no DF ou outros estados”, revela o especialista.

De acordo com Francisco Araújo, a rede pública do DF está preparada com 4.383 leitos, sendo que 554 são de UTI. Destes, 73 leitos estão reservados para pacientes diagnosticados com a Covid-19. Outros 349 leitos de retaguarda estão previstos para o tratamento à doença e 133 leitos foram credenciados com a rede privada. “Estamos correndo para montar leitos de UTI com suporte respiratório, para dar conta da rede, para manter a população assistida”, concluiu.

O diretor presidente do Instituto de Gestão e Estratégia em Saúde (IGES), Sergio Costa, anunciou a entrega de novos leitos de UTI no Hospital de Santa Maria com foco no tratamento de pacientes com a Covid-19. “Hoje pela manhã foram entregues 40 leitos no Hospital de Santa Maria. Ainda no curso desta semana, nós vamos entregar mais 26 leitos de UTI e os leitos de retaguarda. E nós temos a projeção de chegar a 120 leitos de UTI no Hospital de Santa Maria”.

Na oportunidade, o gestor esclareceu que a utilização dos leitos do Hospital de Base se dará dentro da especificidade de atendimento desta unidade. Por exemplo, um paciente vítima de trauma que ingressar na unidade e também estiver contaminado por coronavírus será tratado naquele local.

ISOLAMENTO – Os gestores voltaram a enfatizar a necessidade de se cumprir as orientações de isolamento e distanciamento social. “É fundamental evitar aglomeração, fundamental o isolamento social, sob o risco de que venha haver o crescimento acelerado. Aqueles que descumprem ou que propagam o contrário estão agindo de forma irresponsável. Quem defende esse tipo de comportamento não tem base científica”, alertou o subsecretário.

TESTAGEM – O DF também vem se destacando pela celeridade nos diagnósticos laboratoriais. Não há registro de fila de espera para os testes. A capacidade do Laboratório Central foi ampliada, passando de 100 amostras por dia para 360 diariamente. O aumento da capacidade é o resultado da parceria firmada com a Universidade de Brasília (UnB), que enviou equipamentos ao Lacen e profissionais para auxiliar no trabalho, bem como ao funcionamento 24 horas.

FARMÁCIA DE ALTO CUSTO – Teve início na última sexta-feira (03) a fase de testes para entrega de medicamentos da farmácia de alto custo na casa dos pacientes. Para a realização deste trabalho, foi firmado um convênio com o Banco Regional de Brasília (BRB) para execução do serviço. Para evitar que pacientes necessitem sair muitas vezes às ruas para buscar medicamentos, foi ampliado o prazo de vencimento das receitas médicas para 60 dias, além de abrir a possibilidade para cadastrar até cinco pessoas para a retirada dos medicamentos, para evitar a contaminação da população de maior risco.

Josiane Canterle, da Agência Saúde

Fotos: Breno Esaki, da Agência Saúde

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