As estatais do país fecharam o ano de 2024 com um déficit de R$ 8,1 bilhões, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC), na última sexta-feira (31). Trata-se do pior número da série histórica (sem corrigir pela inflação) e uma forte piora em relação aos R$ 2,2 bilhões registrados em 2023 e ao superávit de R$ 6,1 bi de 2022.
Um levantamento feito pela Secretaria das Empresas Estatais (Sest), do Ministério da Gestão e Inovação (MGI), mostra que, das 20 empresas, 16 caminham para encerrar 2024 com lucro, e quatro com prejuízo. Entre as 11 empresas que encerraram o ano de 2024 com déficit primário, oito acumulavam lucro em seus resultados contábeis, segundo afirmou o MGI, em nota.
Segundo levantamento do MGI com 20 estatais (as mesmas do indicador do BC), até o terceiro trimestre de 2023 (algumas com números do segundo tri) havia lucro de R$ 593 milhões nessas empresas.
Como o resultado do quatro trimestre das estatais só será divulgado em meados de março ou abril, contudo, o dado consolidado de 2024 pelo conceito “caixa” só será conhecido posteriormente, podendo apontar “lucro” ou “prejuízo”.
Números do Banco Central, as estatais federais registraram um déficit de R$ 6,7 bilhões de déficit, enquanto as estaduais tiveram déficit de R$ 1,299 bilhões, e as municipais ficaram no vermelho em R$ 39 milhões.
Ambos os indicadores, do BC e o levantamento do MGI, excluem empresas estatais grandes, como a Petrobras, Banco do Brasil e Caixa, e a antiga Eletrobras, que passou a ter um controle privado.
Quando o dinheiro federal entra no caixa da estatal, é contabilizado como superávit pelo BC. Quando a empresa passa a executar a despesa, como investimentos, por exemplo, transforma-se em déficit.
Em 2019, houve R$ 10 bilhões aportados em empresas estatais. Somente a Emgepron recebeu R$ 7,5 bilhões em recursos naquele ano para a construção de quatro fragatas da classe Tamandaré para a Marinha Brasileira. Coincidentemente, o indicador do BC, nesse ano, registrou superávit recorde de R$ 11,83 bilhões.
Em 2024, a Emgepron registrou déficit de R$ 1,92 bilhão, pela estatística do Banco Central. Já pelo conceito de “caixa”, apontou lucro de R$ 255 milhões, até o terceiro trimestre do mesmo ano.
Em 2021, a ENBpar recebeu aportes de R$ 4 bilhões, seguido de outra injeção de recursos de R$ 1,2 bi em 2022. Tudo isso empurrou os superávits desses anos para cima.
Uma empresa que vem sendo motivos de preocupação do MGI são os Correios. Pelo dado do Banco Central, a estatal teve um déficit de R$ 3,1 bilhões em 2024. E pelos números do ministério apurado com a própria empresa, houve um prejuízo de R$ 2,1 bilhões no três primeiros trimestres do ano passado.
Nesta sexta-feira, após reunião no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, o presidente dos Correios, Fabiano Santos, disse que há um plano de reestruturação da estatal em curso para torná-la lucrativa.
As dez campeãs de prejuízo no ano retrasado responderam por 4,8 bilhões, o equivalente a 90% das perdas registradas. No topo da lista, apareceu a PNBV, uma empresa controlada pela Petrobras com sede na Holanda, cuja atividade é a compra, venda e leasing de equipamentos petrolíferos. Em segundo lugar, vem a Codevasf, que atua em obras nos vales dos rios São Francisco e Parnaíba. O Top 10 é completado por Correios, Docas do Rio, Embrapa, BB AG, CBTU, Ebesrh, Telebras e Nuclep.
As informações são do Estadão e da Veja.