O ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), condenado no mensalão tucano, se entregou à polícia na tarde desta quarta-feira (23). Ele foi sentenciado a 20 anos e um mês de prisão por lavagem de dinheiro e peculato, que é o crime para desvio de recursos públicos. O pedido de prisãofoi expedido nessa terça-feira (22), após o TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) negar o último recurso contra a condenação do político em segunda instância.
Ele chegou na 1ª Delegacia da Polícia Civil, no bairro Funcionários, na região sul de Belo Horizonte, por volta de 14h45, acompanhado do advogado Castellar Guimarães Neto, em um carro com os vidros escuros. O veículo entrou por uma garagem privativa da unidade e o político só desceu após o portão ser fechado.
Cela especial
O juiz da Vara de Execuções Penais de Belo Horizonte, Luiz Carlos Rezende e Santos, determinou que o ex-governador fique preso em uma cela especial, preferencialmente em uma unidade do Batalhão do Corpo de Bombeiros, que segundo ele, tem menor fluxo de pessoas.
O político não precisará usar algemas e nem o uniforme do sistema prisional. Ele levará as próprias roupas e o vestuário de banho e cama.
As regalias foram concedidas devido à notoriedade de Azeredo que já ocupou o cargo de governador e à precariedade do sistema prisional na região.
Mensalão tucano
Segundo as investigações, R$ 3,5 milhões foram desviados de estatais mineiras para a campanha de reeleição de Azeredo, em 1998, quando ele era governador de Minas. Um dos operadores do desvio, segundo o Ministério Público, é o empresário Marcos Valério, que já cumpre pena de 37 anos e um mês por participação no mensalão mineiro.
O processo que apurou o caso teve início em 2007, no STF (Supremo Tribunal Federal) quando ele era senador. No entanto, em 2014, ele abriu mão do mandado de deputado federal, perdeu o foro privilegiado e, assim, o processo foi para a primeira instância. A primeira condenação só saiu em 2015. Depois disso, a sentença foi confirmada pelo TJMG, em agosto de 2017.
Última tentativa
Nessa terça-feira, desembargadores da 5ª Câmara Criminal negaram os embargos de declaração propostos pela defesa com o objetivo de anular a condenação. Esse é o último recurso possível em segunda instância. No julgamento, os magistrados rejeitaram, ainda, uma questão de ordem apresentada de última hora pela defesa. O documento também foi indeferido.
Em entrevista exclusiva à RecordTV Minas logo após a decisão, o político mineiro disse que não estava preparado para a prisão.
— (Sinto) uma injustiça muito grande. Quer dizer: não tem sentido acontecer uma coisa dessa sem prova. É uma coisa absurda como essa. (…) Eu não matei ninguémm, não pus dinheiro no meu bolso. (…) Não estou preparado para isso (para a prisão), porque é muito injusto.
Ele ainda tenta um habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Fonte:R7