Governo do Estado e Embrapa difundem produção de alimentos Biofortificados em Codó região dos cocais

Dona Antônia Lúcia Miranda era só alegria no seu estande de venda de caldo, doce e bolo de batata e doce de leite. Foto: Gilson Teixeira/SecapO Governo do Estado e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) estão coordenando ações inovadoras de execução do Projeto de Biofortificação de Alimentos no Maranhão. A meta é fortalecer a segurança nutricional em comunidades carentes onde a população tem deficiência de nutrientes como ferro, zinco e vitamina A e, assim, combater a deficiência de micronutrientes no organismo humano, conhecida como ‘fome oculta’, que provoca doenças como anemia e cegueira noturna.
O Maranhão já evoluiu consideravelmente os projetos de biofortificação de alimentos com as culturas do feijão-caupi (Aracê), mandioca (BRS Jari), milho (BRS 4104) e batata-doce (Beauregard). Os alimentos biofortificados estão em fase de expansão no território dos Cocais, abrangendo,atualmente, 300 famílias nos municípios de Alto Alegre, Codó, Caxias, Peritoró, Coroatá, São Mateus, Timbiras, Presidente Dutra e Dom Pedro.
“O sistema SAF está trabalhando para transformar a difusão dos alimentos biofortificados em política pública, pelo fato dos nutrientes encontrados nessa alimentação serem fundamentais no fortalecimento nutricional infantil, permitindo, junto com outras práticas saudáveis, manter um equilíbrio na alimentação a ponto de se perpetuar até a fase adulta”, explicou o secretário de Estado da Agricultura Familiar (SAF), Adelmo Soares.
O secretário informou que a intenção do Governo do Estado é multiplicar sementes para distribuir aos agricultores familiares para que eles passem a cultivar e consumir os alimentos biofortificados. A proposta é que a produção seja inserida em canais de comercialização como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), garantindo o escoamento e melhora nas condições nutricionais e de vida da população.
A agricultora familiar de Alto Alegre do Maranhão, Antônia Lucia Carvalho conta que, no início, foi difícil a comercialização dos produtos já que era algo desconhecido entre a população. Ela adotou medidas para diferenciar os alimentos e torná-los mais atrativos. “Conheci os biofortificados em um dia de campo, em Codó, e me interessei em experimentar. Por ser um produto novo, precisei me adaptar para que conseguisse vender e obter uma renda; então comecei a fazer produtos derivados, como caldos, doces e até escondidinho de batata biofortificada, e o sucesso foi total”, explicou Antônia Lucia Carvalho.
O presidente da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural do Maranhão (Agerp), Júlio César Mendonça, explicou que os alimentos biofortificados são importantes para combater a desnutrição e a insegurança alimentar, principalmente no meio rural. “É meta do Governo do Estado alcançar essas famílias que vivem em vulnerabilidade alimentar com a ampliação da produção dos biofortificados”, ressaltou.
Recomendações
De acordo com explicação de Jorge Ríos Castillo, nutricionista vinculado a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), todo sistema produtivo agropecuário deve levar em conta os temas de deficiências nutricionais. “Está bem documentado que existe uma relação direta entre a desnutrição crônica, as deficiências de micronutrientes e os problemas na fase adulta. As enfermidades crônicas que, infelizmente, muitos acabam por adquirir na fase adulta, possuem vestígios que vêm desde os primeiros anos de vida”, afirmou.
Segundo Jorge Ríos Castillo, trabalhos com biofortificação têm desenvolvido o cenário socioeconômico nacional do meio rural e o quadro internacional, principalmente no continente africano, impulsionado acordos de cooperação internacional para a agricultura e nutrição. Para Castillo, os esforços para aumentar os teores de micronutrientes de alimentos básicos, diretamente pela biofortificação, são particularmente promissores.
Rede BioFORT
O Brasil tem se destacado num aspecto diferenciado dos demais países no desenvolvimento de biofortificação. É o único país onde são conduzidos, ao mesmo tempo, trabalhos com oito culturas diferentes: abóbora, arroz, batata-doce, feijão, feijão-caupi, mandioca, milho e trigo.
Outro diferencial é que, no Brasil, a unificação dos projetos científicos com alimentos biofortificados atende pelo nome de Rede BioFORT que, além do incentivo federal e de instituições de pesquisa, recebe suporte financeiro de organizações internacionais como Fundação Bill e Melinda Gates, Banco Mundial e HarvestPlus.
A Rede BioFORT tem obtido relevantes resultados nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, onde já possui, aproximadamente, 18 mil produtores com acesso a pelo menos um desses cultivares. Liderada pela coordenadora do HarvestPlus América Latina e Caribe, Marília Nutti, também pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, a Rede BioFORT ainda alcançou o expressivo número de 120 Unidades Demonstrativas implantadas até o fim de 2015 nessas regiões, onde o material coletado é destinado à merenda escolar e para as famílias de produtores rurais dos municípios conveniados.
Fome oculta
A fome oculta atinge uma a cada três pessoas ao redor do Mundo. Segundo os últimos dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), 48% das crianças no mundo com menos de cinco anos de idade apresentam anemia (deficiência de ferro) e 30% possuem deficiência em vitamina A. No Brasil, os números também são altos, tendo 55% das crianças com menos de cinco anos de idade apresentando deficiência de ferro e 13% com deficiência em vitamina A.

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