Muita coisa mudou do começo de 2016 até agora. As previsões já não eram muito otimistas, mas podemos dizer que as coisas deram uma piorada, não é mesmo!? A mudança do governo em abril, trouxe uma drástica transformação quando tratamos de governança. Mesmo estando no mesmo “lado”, presidente afastada e o presidente em exercício tem divergências no modo de governar, o que trouxe uma série de incertezas.
O processo de impeachment continua em tramitação, o que quer dizer que ainda podem haver mudanças profundas. O Senado ainda julgará e dará o veredito. Por isso, é preciso trabalhar com duas hipóteses, a primeira seria com a volta da presidente Dilma Rousseff, mas que está desgastada, sem apoio necessário, o que ocasionaria na falta de força para aprovar certas medidas para frear a crise instaurada. Esse cenário não seria nada bom para o Brasil, politicamente e economicamente, e por esse motivo deverá compor como um dos fundamentos da decisão do Senado pela aprovação final do impeachment.
Caso a saída da presidente seja decidida, caberá ao governo que ficará por a “casa” em ordem, que será um caminho longo e árduo. Na verdade, não creio que haverá clima político nos próximos dois anos para as reformas estruturais e profundas de que tanto necessitamos, acredito que as mudanças na política monetária e macroeconômica ocorrerão com o decorrer do tempo, com grande chance de tirar o folego da crise em que estamos mergulhados no momento, diminuindo seu crescimento e impacto.
Grandes mudanças e sacrifícios terão que ser feitos, por todas as partes, tanto das esferas públicas, quanto privadas. A instabilidade política agravada a cada medida tomada pelo novo governo fará trégua apenas após as eleições de 2018. Até lá estaremos mergulhados num processo de reinvenção diária em todos os setores, onde a visão estratégia nas empresas, de todos os portes, será mais importante do que nunca.
Outra preocupação da população é a questão da corrupção, que nos últimos anos aflorou em meio a diversos escândalos. Milhões de pessoas, empresas privadas e classe empresarial como um todo, tem reivindicado soluções e decisões drásticas para reduzir ao máximo a corrupção. Crer que a corrupção (e suas nuances) se fará ausente no futuro é acreditar em conto de fadas. O que temos que desenvolver é um sistema onde este tipo de conduta seja imediatamente identificado e punido. Sem qualquer engavetamento, privilégio, morosidade ou impunidade, e isso depende de uma série enorme de fatores e agentes públicos em todos os poderes. Esta sintonia fina, sem sombra de dúvida, ainda demorará muito tempo para se estabelecer.
Os rumos do país ainda são uma incógnita. A única coisa que se sabe é que será necessário brio e pulso firme dos governantes. A população como um todo quer mudanças e tem a esperança de dias melhores. A falta de emprego, insegurança e problemas econômicos estão deixando o povo impaciente. Porém, com o trabalho árduo de cada um, será possível mudar os rumos do Brasil.
*Sérgio Itamar é professor de análise de riscos do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE), de Curitiba (PR).