A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou, nesta segunda-feira (30), a senadora Gleisi Hoffmann (PT/PR), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ex-ministros Antônio Palocci e Paulo Bernardo, além do empresário Marcelo Odebrecht, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. A denúncia é baseada na delação de executivos da Odebrecht e diz respeito a doações via Caixa 2 no valor de R$ 5 milhões para a campanha de Gleisi ao governo do Paraná em 2014.
Este valor faria parte de um total de R$ 64 milhões prometidos pela Odebrecht ao ex-presidente Lula em 2010, em troca de decisões políticas que beneficiassem a construtora. Segundo as investigações, esta quantia ficou à disposição do PT e foi sendo utilizada ao longo dos anos, chegando à campanha de Gleisi em 2014.
A PGR afirma que, em 2014, Gleisi e Bernardo aceitaram receber, via caixa 2, a doação de R$ 5 milhões, destinados à campanha eleitoral. Segundo a denúncia, coube a Leones Dall’Agnol, atual chefe de gabinete da senadora e também incluído na denúncia, e a Benedicto Júnior (por parte da Odebrecht) viabilizar a entrega do dinheiro.
“Dos cinco milhões, Gleisi Helena Hoffmann, Paulo Bernardo e Leones Dall’Agnol comprovadamente receberam, em parte por interpostas pessoas, pelo menos três milhões de reais em oito pagamentos de quinhentos mil reais cada, a título de vantagem indevida, entre outubro e novembro de 2014”, consta do documento.
A campanha de Gleisi teria declarado à Justiça Federal despesas inexistentes no valor de R$ 1,83 milhão. Os pagamentos foram feitos a empresas que, conforme revelaram as investigações, receberam os recursos repassados pela construtora. Essa dissimilação, diz a denúncia, configura a prática de lavagem de dinheiro.
PT diz que PGR atua ‘de maneira irresponsável’
Em nota, o PT diz que a PGR atua novamente “de maneira irresponsável, formalizando denúncias sem provas a partir de delações negociadas com criminosos em troca de benefícios penais e financeiros”.
“Além de falsas, as acusações são incongruentes, pois tentam ligar decisões de 2010 a uma campanha eleitoral da senadora Gleisi Hofmann em 2014”, afirma a nota.
O PT lembra que a denúncia ocorre num momento em que Lula “lidera todas as pesquisas para ser eleito o próximo presidente”.
À agência Reuters, a defesa de Palocci disse que só se manifestará quanto ao teor dessa nova acusação após estudar o conteúdo da denúncia. Os demais citados não foram encontrados para comentar a denúncia.
Repetição de modelo
Na denúncia, a procuradora-geral, Raquel Dodge, enfatiza que o caso reproduz o modelo de outros apurados na Lava Jato, com a existência de quatro núcleos específicos, sendo o político formado por Lula, Gleise Hoffmann, Paulo Bernardo e Antônio Palocci; o econômico, exercido por Marcelo Odebrecht; o administrativo, por Leones Dall’Agnol; e o financeiro, movimentado por doleiros responsáveis pela coleta e distribuição do dinheiro.
A PGR pede que Lula, Bernardo e Palocci paguem US$ 40 milhões e outros R$ 10 milhões a título de reparação de danos, material e moral coletivo, respectivamente. Outra solicitação é para que a senadora, o marido e o chefe de gabinete paguem R$ 3 milhões como ressarcimento pelo dano causado ao erário.
Segundo Dodge, a doação ilícita da Odebrecht teria tido como contrapartida um aumento de linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social a Angola.
Na condição de exportadora de serviços, a Odebrecht recebeu do governo angolano parte dos valores conseguidos com financiamentos liberados pelo banco estatal brasileiro. O país africano teve o limite de crédito ampliado para 1 bilhão de reais, graças à interferência dos envolvidos, segundo a assessoria de imprensa da PGR.
Fonte :R7