Favelas gigantescas. Catástrofes ambientais. Crime organizado e guerra civil. Tudo isso ilustrado com cenas de caos, descritas por um locutor de voz empostada. Poderia ser uma ficção científica de baixo orçamento – mas é outra coisa.
Trata-de um vídeo de treinamento produzido pelo Pentágono, e obtido pelo site americano The Intercept. No vídeo, que tem cinco minutos e se chama “Megacidades: Futuro Urbano, a Complexidade Emergente”, o Exército dos EUA imagina como vão ser as metrópoles de 2030.
“A desigualdade entre pobres e ricos vai aumentar, e as tensões étnicas e religiosas serão um elemento definidor da sociedade”, diz o narrador, para logo depois observar que “as favelas crescerão rapidamente”.
“Esse é o nosso mundo do futuro, para o qual não estamos preparados”. Na visão catastrofista dos militares americanos, sobra até para a internet, que na visão deles será infestada por “sistemas econômicos ilícitos” (presumivelmente, construídos em torno de moedas virtuais como o Bitcoin) e “sindicatos criminosos” que terão “alcance global”. Em suma: uma distopia só.
Em seguida, o vídeo diz que os militares dos EUA precisam se reinventar, porque será cada vez mais difícil identificar e atacar os inimigos misturados em meio à população.
E cita o escritor chinês Sun Tzu, reinterpretando uma passagem do milenar A Arte da Guerra: “evite as cidades, ou as cerque”. “Mas os nossos soldados terão de operar nesse contexto”.
No final, vem a cena que talvez seja a mais aterrorizante: aparece um soldado com uma máscara, sugerindo a possibilidade de ataques terroristas com armas químicas ou biológicas.
Fonte:Revista Exame
A preocupação dos EUA é que o comunismo poderá reflorescer a partir desse caos provocado pela cada vez mais gritante desigualdade social. Porque o Pentágono sabe que se não nos digladiarmos pelo credo, não titubearíamos para nos engalfinhar pela cor do sapato. Isto é congênito. Somente uma diacronia biológica darwinista poderá reverter esse quadro sombrio previsto. E vai demorar.